Outras Culturas

É difícil falar de algo que você não conhece, por isso a importância de se abrir, para ao menos ter a chance de uma primeira impressão.

E foi isso que me propus hoje ao ouvir a entrevista de Leandro Roque de Oliveira, o rapper Emicida, que esteve no Radar Cultura para falar do seu novo trabalho, o mixtape Emicídio.

Há pouco tempo um amigo me falou de seu trabalho, mas eu ainda não tinha tido a chance de ouví-lo, e desta vez pude não só escutar trechos de algumas de suas músicas, um estilo que confesso não me familiarizar, mas, além disso, ouvir as suas ideias.

Impressionei-me ao ver o bate papo da Rádio Cultura fervendo, todos disputando um pequeno espaço para tentar falar com seu ídolo, o poeta do mundo suburbano que busca expressar com sua arte uma forma de reflexão para aqueles que o seguem. 

 

"Morri e renasci, me refiz dentro da minha música, agora com mais estrutura pra trabalhar".

"Quando você mostra que coisas boas são possíveis, você motiva as pessoas a alcançarem elas".

 

"A ideia é não apontar o dedo, mas virar o espelho para si próprio". 

"A música é um patrimônio do povo, tem que devolver não elitizar".

Novo Nego Véio

Emicida

É tipo, ver o primeiro mês do ultrassom
Não entende nada, só sente o bagulho bom
Sorri, sai todo bobo dali, feliz
Com uma cara de: eu vi!
Incrível, como tudo muda num relance
Há tempos não achava que o mundo merecia outra chance
É o motivo, do vale no fim do mês
É o positivo, do teste de gravidez
É o cheiro da chuva (é mais)
Inofensiva como paz (nesse lugar)
É a mão pequena que pega meu polegar
É o pé na areia da orla, (calma)
O bem que burla (a rotina)
É o porquê das orações, é você menina
Que me altera o plano e o Luiz Melodia no rádio gritando:
Pérola negra, eu te amo! (lembra)
Peguei tua mão, fia
Pô, e eu nunca tinha chorado de alegria!

Refrão:
Virei um novo nego véio
De hoje em diante, eu sou um dos novo nego véio
Tá entendendo, moleque? Eu sou só um novo nego véio
De hoje em diante, eu sou um dos novo nego véio
Tá ligado?

choro 3 da matina (orvalho)
Vento na cortina, folha dança nos galho
Busca um chocalho
Na véspera do dia, época lilás
Como décadas, tempos atrás
E tudo de ruim que houver serão fases
Enquanto tiver no seu olhar, meu oásis
Música e mágica, abracadabra
Ansioso pelas primeiras palavras
Favo de mel, pedaço do céu
Meu bem de valia, sol que vem dizer bom dia
Te boto no colo, consolo, enrolo num cobertor
Perto disso, o que é amor?
Tudo é tão pequeno e vulgar
Ao ver teus braços abertos e a certeza de que esse é meu lugar
Ah, fia, eu nunca tinha chorado de alegria!

Refrão.

Fonte: letra.terra, Radar Cultura